O Instituto Cândida Vargas (ICV), vinculado à Prefeitura de João Pessoa, realizou, na última segunda-feira (18), a primeira hemotransfusão intrauterina de sua história. O procedimento representa um marco na medicina fetal e reafirma o compromisso da instituição com a inovação e o cuidado especializado.
A hemotransfusão intraútero foi conduzida pela equipe de Medicina Fetal do ICV, sob a liderança da Dra. Daniela Aires, com o apoio presencial do convidado Dr. Eduardo Fonseca. A organização do material e a viabilização do evento contaram com o apoio da Direção Geral, representada pelo Dr. Quintino Régis, e da Direção Técnica, sob a Dra. Juliana Soares.
De acordo com o diretor-geral, Dr. Quintino Regis, o procedimento reforça a excelência técnica e a capacidade de inovação do ICV. “Essa conquista é um reflexo do trabalho integrado das nossas equipes e do investimento contínuo na qualificação profissional e em tecnologia de ponta. Este é mais um passo importante para consolidar o ICV como referência em cuidados de alta complexidade materno-fetal”, destacou.
A coordenadora da obstetrícia e da residência em Ginecologia e Obstetrícia, Dra. Tatiana Fragoso, explicou sobre o trabalho realizado. “A hemotransfusão intrauterina é um procedimento utilizado em casos de anemia fetal grave, especialmente em fetos que são Rh-positivos em mães Rh-negativas, que podem desenvolver a doença hemolítica do recém-nascido (DHRN). Essa condição ocorre quando o sistema imunológico da mãe produz anticorpos contra os glóbulos vermelhos do feto, levando à destruição desses glóbulos e resultando em anemia”, contou.
Ainda segundo a coordenadora, o contexto da imunização por recém-nascido, a administração de imunoglobulina anti-D é uma prática comum para prevenir a sensibilização em mães Rh-negativas. A imunoglobulina impede que o sistema imunológico da mãe reconheça os glóbulos vermelhos Rh-positivos do feto como estranhos, reduzindo assim o risco de produção de anticorpos.
“Quando a anemia fetal já é diagnosticada, a hemotransfusão intrauterina pode ser realizada. O procedimento geralmente envolve a transfusão de sangue compatível diretamente na circulação fetal através da parede abdominal da mãe ou do cordão umbilical. Isso é feito sob monitoramento cuidadoso, sempre com o auxílio de ultrassonografia”, conclui Tatiana Fragoso.
Participaram do procedimento: a Agência Transfusional do ICV, liderada pela pediatra e hematologista Dra. Tamiris Baptista, o responsável técnico André Cunha e a coordenadora Socorro Lima; a equipe de enfermagem do bloco cirúrgico e da Agência Transfusional, sob a supervisão de Fabiana Azevedo; além das residências médicas em Ginecologia e Obstetrícia e Neonatologia.
O sucesso do procedimento contou ainda com a colaboração do Hemocentro da Paraíba e do Hemope, que irradiaram as hemácias utilizadas, bem como da equipe de ultrassonografia, que disponibilizou os equipamentos necessários para o bloco cirúrgico.